sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Usina de Belo Monte, bom ou ruim pro Brasil ?


Usina de Belo Monte, bom ou ruim pro Brasil ?

Temos visto circulando em listas de emails, grupos, redes sociais, redes profissionais, muitas informações e vídeos relacionados à construção da nova usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Esta matéria que escrevo tem como objetivo auxiliar o entendimento de alguns pontos para que você possa também opinar a respeito.

De forma geral as pessoas que são contra a construção da usina preocupam-se principalmente com o impacto da usina na região, seja do ponto de vista écológico, seja do ponto de vista humanitário.
A principal preocupação é com impacto ambiental da área alagada e o destino das famílias ribeirinhas que vivem no Xingú.

Abaixo vou explicar de forma simplificada o que é e para que serve uma usina hidrelétrica e alguns detalhes técnicos desta obra em particular.

Uma usina hidrelétrica é um sistema hidráulico pois utiliza água como matéria prima para cumprir seu objetivo, por isso o sufixo "Hidro".
O resto do nome "elétrica" significa que o seu objetivo é gerar eletricidade, energia elétrica.

Então, como a água gera energia elétrica ?

Na realidade a transformação realizada é Energia Mecânica em Energia Elétrica. A água entra como agente de Energia Potencial Mecânica, ou seja, a água quando elevada apresenta potencial de energia mecânica, que quando liberada para vazar produz movimento.
De forma simples, um rio corre (vaza, escorre) no sentido da sua nascente em direção ao mar (salvo exceções) porque a nascente está num nível elevado em relação ao nível do mar.
Ao se movimentar a água oferece uma energia mecânica de movimento. Quando represamos a água numa barragem estamos transformando energia cinética (movimento) em energia potencial (acumulada).
Quando criamos a barragem apenas damos condições de controlar a vazão da água para melhor aproveitamento da energia mecânica que se transformará em energia elétrica.

O volume de água não se altera nesse processo, ou seja, a quantidade de água que o rio tem não se altera. Toda água que chega à barragem irá continuar fluindo após passar pela turbina.
Em outras palavras o processo de geração de energia não gasta água. Ela entra e sai exatamente do mesmo jeito, sem alteração. A água não suja, não fica poluída por atravessar a usina (turbinas).
Ao contrário, pesquisas revelaram que no Rio Tietê, as barragens costumam bloquear a passagem de metais pesados e resíduos sólidos que são filtrados antes de passar pelas turbinas, ou seja, saem mais limpas.
Resumindo, uma usina hidrelétrica não polui a água.

Outro impacto bastante discutido é que ao se construir uma barragem os peixes são prejudicados pois para desova eles precisam subir a corrente do rio. Este é um processo natural chamado Piracema.
Na maioria das barragens este impacto é reduzido criando-se escadas dágua que os peixes utilizam para subir o rio e transpassar a barragem.
Estas escadas já foram testadas em exaustão em outras usinas inclusive na maior do mundo, Itaipú e o resultado é ótimo.
Em Itaipú existe um sistema de controle através de chips que são implantados nos peixes que são rastreados (monitorados) por rádio.
Os peixes sobem as escadas em todas as temporadas da Piracema e inclusive já foram rastreados peixes muito rio acima, distante da barragem.
Além disso as empresas administradoras das barragens tem programa de criação e soltura de peixes que aumenta significativamente a quantidade de peixes nestes rios.

E o impacto mais discutido no projeto de Belo Monte é a área alagada, já que a barragem armazena água.
Existem projetos de sistema que geram energia sem armazenar a água, ou seja, utilizando-se diretamente o fluxo do rio sem barragem. Porém o sistema fica mais caro, mais complexo, menos eficiente.
Mas este impacto é um dos pontos fortes do projeto desta usina. Existem 2 tipos de projetos de usinas dependendo da quantidade de água armazenada, uma que armazena uma quantidade maior de água para
que a produção se mantenha em periodos de seca (estiagem) e outra que limita a quantidade de água para manter a eficiência do sistema, diminuir a complexidade, diminuir a área alagada, mas que em
períodos de seca produzem menos ou até deixam de produzir. Este segundo tipo, mais ecológico, é chamado de funcionamento no "fio dágua", ou seja, trabalha de acordo com o volume do rio em cada período.
Portanto, a usina de Belo Monte é mais ecológica pois alaga uma área muito menor, mas a contrapartida é que produz menos em periodos de seca.

Nesse ponto quero ressaltar os pontos alertados pela campanha contra a usina. Eles reclamam ao mesmo tempo da área alagada e da produção de energia em períodos de seca.
Vejam o contra-senso, querem uma área alagada menor e ao mesmo tempo produzir mais energia na seca ? são coisas mutuamente excludentes, ou seja, ou produz mais com área alagada maior, ou produz menos com menor impacto de alagamento.
E a opção do projeto foi claramente produzir menos pra ser mais ecológico !

Então, temos água armazenada na barragem. Esta água vai escorrer pela tubulação da barragem, passará por uma turbina (espécie de ventilador ou hélices de um motor de barco) que gira pela pressão dágua.
Este movimento giratório é transformado em energia elétrica por um processo de indução eletromagnética (muito similar ao alternador de um carro que carrega a bateria e mantem o sistema elétrico transformando o giro do motor à combustão em energia elétrica).
Basicamente controlando-se a vazão dágua temos a geração controlada de energia elétrica que será transmitida para o sistema elétrico nacional.
Este sistema nacional de energia elétrica pega esta energia gerada e junta com toda energia gerada por outras uisnas e distribui para residências, comércio e indústria através das concessionárias de energia (por ex, Eletropaulo, CEMIG, CESP, CPFL, LIGHT, etc).

Já sabido os detalhes do funcionamento da usina, vamos aos números. Afinal um projeto se faz com números, dados, fatos.
Em outras palavras, qual o custo e qual o benefício ?

O custo da usina está estimado (aproximado) em 20 bilhões e máximo de 30 bilhões. Parece muito ? É muito !
Veja então o custo de outras obras para se ter ordem de grandeza:
- 800 mil casas populares custam cerca de 28 bilhões
- 7500 km de ferrovias custam cerca de 30 bilhões
- em 2011 o bolsa família deve custar 10 bilhões, ou seja, a usina custa 2 bolsa família de 1 ano
- o programa Minha Casa minha vida deve custar cerca de 6 bilhões
- o preço de uma refinaria de petróleo (PAC - PE) custa cerca de 30 bilhões
- 45 novos aeroportos custam em média 30 bilhões
- a corrupão estimada no Brasil é da ordem de 7 bilhões por ano
- as obras da Copa 2014 podem custar 7 bilhões
- o governo perdoou recentemente 18 bilhões em dívidas de 4 banqueiros
- a usina de Itaipu custou 30 bilhões de dólares, ou cerca de 50 bilhões de reais (fazem 30 anos desde que começou a geração de energia)
- a usina de Tucuruí custou 5 bilhões de dólares, ou cerca de 8,5 bilhões de reais (quase 10 anos desde a geração da fase 1, e 5 anos da fase 2)

E em termos de benefício ?
- Belo Monte vai produzir aproximadamente 10% do consumo nacional.
- Itaipú, a maior usina do mundo produz pouco mais de 15% do consumo brasileiro.

Outros dados importantes:
- a área alagada estimada é de 502,8 km2 dos quais 228 km2 (45% do total) são do próprio leito do rio, ou seja, já está alagado !
- além disso boa parte da área que hoje é "seca" e será alagada são pastagens (desmatada) e não floresta virgem.
- o desmatamento ilegal da amazônia por mês é equivalente à metade da área alagada de Belo Monte, ou seja, desmatam uma Belo Monte a cada 2 meses !
- já teve época que, segundo o INPE, desmataram ilegalmente o equivalente à 1 Belo Monte em 2 semanas !
- distância entre a usina de Belo Monte (próximo Altamira-PA) e o Parque Nacional do Xingú (próximo Sinop-MT) => mais de mil km de distancia (é bem longe mesmo)
- além disso a usina fica depois do parque, ou seja, rio abaixo... a usina não vai causar impacto no parque.
- não há reservas indígenas na área onde será construído a usina, ou seja, os índios não terão suas casas alagadas.
- as tribos indígenas da região (cerca de 10) foram consultadas em mais de 30 reuniões todas documentadas em áudio e vídeo
- a região não fica seca durante 8 meses do ano. Temos apenas uma redução na vazão do rio e isso não é nem de longe ficar seco.

Segundo pesquisas o consumo de energia do Brasil irá dobrar nos próximos 10 anos devido ao crescimento do país. Lembrem-se que somos um país em desenvolvimento, temos muitas áreas urbanas em desenvolvimento, indústrias sendo construídas, o próprio crescimento da população e ascensão social da chamada "nova classe C".
Isso tudo demanda energia elétrica. Nossa matriz energética já é limitada. Basta lembrar dos últimos apagões que ocorreram por falta de energia.
Muita gente acabou comprando geradores de energia à diesel e outras fontes bem mais poluentes por medo do apagão. Ou seja, houve um investimento em massa em fontes de geração de energia altamente poluentes pra não ficar sem energia.
Esse mesmo investimento poderia ter sido feito em matrizes limpas como as hidrelétricas, mais confiáveis e menos poluentes.

Sobre outras fontes de energia mais limpas:
- Energia Eólica: 173% mais caro que hidrelétrica, menos confiável por depender de ventos, ocupa uma área muito maior, apesar de não alagar.
- Energia Solar: custo 6 vezes maior que hidrelétrica, menos confiável por depender de luz solar, tbém ocupa uma área muito maior.
- Custo médio de produção de energia em dólares/kilowatt => nuclear custa US$ 10.000, térmica custa US$ 5.000.
- Custo médio das hidrelétricas em dólares/kilowatt => micro usinas custa US$ 1.600, mini usinas custa US$ 800, grandes usinas custa US$ 400.
Isso significa que o Brasil com suas grandes usinas produz a energia elétrica mais barata do mundo !
Somos referência mundial na produção de energia hidrelétrica servindo de modelo para muitos países.
Temos cerca de 158 usinas usinas hidrelétricas, sendo que 78 delas tem maior porte e pelo menos 28 delas com capacidade instalada de mais de mil megawatts.
Itaipú (a maior) tem capacidade de 14 mil megawatts, Tucuruí (a segunda) com 8 mil e a terceira maior será Belo Monte com cerca de 5 mil megawatt.
Ou seja, não estamos fazendo algo novo, que nunca foi feito, que desconhecemos. Somos especialistas nesse tipo de geração de energia.

Para conhecer mais:
http://www.itaipu.gov.br
http://cidadedetucurui.com
http://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Hidrel%C3%A9trica_de_Belo_Monte
http://www.mme.gov.br/mme/galerias/arquivos/belomonte/BELO_MONTE_-_Fatos_e_Dados.pdf
Além dos links referenciados nestes sites acima, recomendo verificar sites das agências reguladoras, ibama, ministério de minas e energia, ou seja, fontes mais confiáveis de informação que atores globais.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Seremos um dia apenas seres virtuais ?

No jornal de hoje (22/09/2011) diz que no Brasil: 72% prefere ficar na internet, 17% prefere sair com amigos/festas, 7% prefere marcar um encontro, 2% prefere ouvir música e outros 2% prefere outra coisa exceto as anteriores... ou seja, estamos nos tornando uma geração virtual mesmo !!!


E a tendência se repete em todo o mundo. Estamos deixando de ser pessoas do mundo "real" e passamos a ser mais "virtuais". Quer falar com a pessoa sentada na mesa ao lado no escritório ? então ligue o MSN ! A coisa está desse jeito ! Já ouvi amigos dizendo que chamar os filhos que estão no quarto pra jantar pelo MSN, SMS, Face... e até bronca já virou virtual !


Vale ressaltar que a pesquisa foi feita entre jovens até 30 anos já que seria inconcebível para os mais velhos, mais maduros uma vida tão sem sentido.


Apesar de ser da área de sistemas, software, eu acho realmente preocupante essa tendência... será que as previsões futuristas de alguns vai realmente se concretizar ? ou seja, no futuro seremos uma "geleca" com cérebro praticamente um vegetal pensante sentado/conectado num computador em rede e vivendo a vida toda desse jeito ? Eu sinceramente não quero estar vivo pra ver essa decadente forma de vida.


Acho que estou ficando velho MESMO ! Na minha infância/adolescência a coisa que a gente mais curtia era sair com os amigos, curtir a vida "real"... viajar, passear, brincar, jogar, correr, namorar... isso tudo hoje em dia é considerado "OUT" (fora de moda). Hoje em dia o que é legal é entrar na "rede" e ficar conectado... seja onde estiver, sentado dentro de um ônibus/metrô, no sofá da sala, na cama, em qualquer lugar só se vê gente em frente à um dispositivo conectado, conversando, atualizando páginas, postando fotos, comentários, etc... acho que estão se esquecendo que pra ter conteúdo, tem que viver antes de qualquer coisa.


Quer arrumar uma namorada ? entra na internet... quer comprar alguma coisa ? entra na internet... quer falar com um amigo ? entra na internet... quer trabalhar ? entra na internet... tenha dó... parem o planeta que eu quero descer ! risos...


Será o fim das relações físicas ? cadê o olho no olho, pele na pele, cheiros, abraços, beijos, pegar na mão ? Vocês da nova geração são muitooooo estranhos ! ou as pesquisas estão cada vez mais FURADAS !!! risos

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A curiosa história do Engenheiro Billings


Entendam  a tubulação que desce a serra do mar
 
A curiosa história do Engenheiro Billings, o homem que fez os rios correrem ao contrário, e mudou para sempre a cidade de São Paulo
 
 
Engenheiro Billings,
O homem que mudou São Paulo
Capa de uma revista em quadrinhos com a história de sua vida, publicada em 1962

No caminho entre o litoral paulista e a cidade de São Paulo, uma série de tubulações que se erguem pelo gigantesco  paredão rochoso da Serra do Mar chamam a atenção.
As tubulações da Usina de Cubatão (Henry Borden)

São as tubulações externas da "Usina de Cubatão" (Usina Henry Borden), uma das mais excepcionais obras da engenharia brasileira, fruto da criatividade e excelência técnica de um engenheiro que poderia ser classificado como um dos mais brilhantes que já passaram por nossas terras: Asa White Kenney Billings.

 
Porém, conhecendo um pouco melhor a história desta octogenária obra-prima, você perceberá que as tubulações que desafiam a serra do mar são meros coadjuvantes nesta história...
Rua Líbero Badaró em foto de 1922
Ano em que Billings chegou ao Brasil

Billings, um norte americano de Omaha, nascido em 8 de fevereiro de 1876, chegou ao Brasil em fevereiro de 1922 como engenheiro da Light, a empresa canadense responsável pelo fornecimento de energia elétrica da cidade de São Paulo, pensando em ficar alguns poucos meses. Naquela época, o rápido crescimento da cidade, que começava a dar sinais de industrialização, já apontava um aumento significativo da demanda por energia elétrica.
A Light até hoje fornece energia elétrica para o Rio de Janeiro

Obcecado pela ideia de criar uma maneira de gerar energia de forma eficiente, aproveitando a geografia da cidade, teve uma ideia: Por quê não usar a queda abrupta de mais de 700 metros do planalto paulista para gerar energia elétrica ?
 
O Sistema idealizado por Billings
Reverter as águas do Rio Pinheiros, e depois lançá-las montanha abaixo, gerando energia elétrica.

A ideia era genial, mas ainda existia um enorme problema: a topografia da cidade fazia com que os rios que nasciam próximos à Serra do Mar, como o Tietê e o Pinheiros, corressem em direção ao centro do estado, e não para o litoral. O que tinha sido uma enorme vantagem para os Bandeirantes, que usaram os rios para explorar os rincões do Brasil, tornava-se um empecilho para as ideias de Billings.
"Piscina" em pleno Rio Pinheiros

Mas a perseverança e criatividade do engenheiro americano não tinham limites, e novamente ele teve uma ideia que a princípio mostrava-se absurda: Se os rios não correm para a Serra do Mar, por que não reverter seu curso através de estações elevatórias, formando um reservatório que permita a geração de energia ?
 
 
Pelo sistema de Billings, a energia gasta para elevar as águas do Pinheiros até a Serra do Mar
é recuperada plenamente pela Usina Hidrelétrica
 
Os estudos mostraram que a reversão de toda a bacia do Tietê não seria factível, mas aplicar a ideia de Billings até a confluência entre os Rios Pinheiros e Tietê seria possível. Desta forma, o Rio Pinheiros seria transformado em um canal desde sua foz até a estação de bombeamento da Traição, que elevaria as águas em cerca de 5 metros, conduzindo-as até a base de uma represa que seria construída nos arredores de Santo Amaro, de onde seriam bombeadas até o Reservatório do Rio Grande, a ser formado por esta barragem. As águas seriam conduzidas às turbinas através de tubulações que desceriam a Serra. O maciço da Serra do Mar, que tantos obstáculos havia criado para a colonização do planalto, seria finalmente utilizado a favor dos paulistas.
Confluência dos Rios Pinheiros e Tietê, década de 20
 
 
O Rio Pinheiros, antes da retificação coordenada por Billings

À época, o Rio Pinheiros tinha um trajeto sinuoso, formando uma grande várzea inundável, cujos habitantes sofriam com frequentes inundações. O plano de Billings ainda teria a tarefa adicional de aumentar a eficiência do canal que levaria as águas para o reservatório retificando o curso do rio, que traria um efeito colateral interessante: acabar com as enchentes da região.
A Barragem do Rio Grande depois foi expandida, e desde 1949 é chamada de Represa Billings
 
Barragem do Rio das Pedras,
onde é possível ver onde termina o planalto e começa o paredão da Serra do Mar
 
Casa das Vávulas da Usina de Cubatão, no alto da Serra
Vista espetacular da Baixada Santista
 
Em 1927 tiveram início as obras da Usina Hidrelétrica de Cubatão, a barragem do Rio Grande (que depois foi expandida e ganhou o nome de Represa Billings) e o deslocamento da antiga Estrada Rio-São Paulo, que passava exatamente por uma área que seria submersa.
 
Fotos da Usina de Cubatão (Henry Borden) durante sua construção
 
Barragem Rio das Pedras, 1929
Aqui o nível do Reservatório é controlado, e quando sobe muito é jogado serra abaixo até o Rio Cubatão
 
Casa das Válvulas no alto da Serra
 
Vista das tubulações externas durante a construção da Usina

Depois de problemas de atrasos nas obras durante o período iniciado a partir da Revolução de 32, a retificação do canal do Rio Pinheiros e as estações elevatórias em seu percurso foram concluídas em 1944, acabando com as grandes inundações que ocorriam em suas margens durante séculos (depois, com a impermeabilização do solo, as inundações voltaram, mas esta é outra história...)
Usina Elevatória da Traição, ao lado das avenidas dos Bandeirantes e Luis Carlos Berrini.
quando em funcionamento, eleva em 5 metros as águas do Pinheiros
http://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Elevat%C3%B3ria_de_Trai%C3%A7%C3%A3o
 
Interior da "Usina da Traição"
 
Com o sistema em pleno funcionamento, a Usina de Cubatão mostrou-se um sucesso acima das expectativas, pois sua queda de 720 metros e o uso das turbinas Pelton, otimizadas para uso com pouco volume de água, mas com alta queda, tornaram-na uma das mais eficientes do mundo.
 
Turbina Pelton
Apropriada para pouco volume de água com alta pressão
http://en.wikipedia.org/wiki/Pelton_wheel
 
Turbina Pelton usada em Cubatão entre 1926 e 1975

O reconhecimento mundial do trabalho de Billings veio em 1936, quando a "Institution of Civil Engineers" de Londres convidou-o a apresentar um relatório sobre o trabalho feito no Brasil, especialmente em São Paulo. O documento "Water-Power in Brazil" tornou-se um clássico no assunto, com leitura recomendada nas Escolas de engenharia de todo o mundo. Seu nome é uma constante na lista dos maiores engenheiros do séc. XX.
Ordem do Cruzeiro do Sul
Pelos serviços prestados ao país, Billings a recebeu em 1946 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_Nacional_do_Cruzeiro_do_Sul
 
Durante o período em que Billings esteve no Brasil, entre 1922 e 1949, a geração de energia em São Paulo aumentou de 90 mil quilowatts para mais de 500 mil quilowatts.
 
.Ilustração mostrando a Usina Subterrânea de Cubatão (Usina Henry Borden)
Construída depois da época de Billings, mas mesmo assim uma obra fantástica
Escavada na rocha, é resistente a bombardeios de qualquer tipo

Depois da aposentadoria de Billings, foi construída outra obra fantástica, uma segunda usina subterrânea ao lado da Usina de Cubatão, totalmente escavada na rocha, com os mesmos 720 metros de queda e turbinas Pelton, aumentando a capacidade de geração de energia para 800 mil quilowatts.
Entrada da Usina Subterrânea
 
Interior da usina subterrânea


Além da geração de energia, a Represa Billings tornou-se um dos principais mananciais da região metropolitana de São Paulo. Infelizmente, na década de 80, a poluição das águas do Pinheiros estava tornando as águas da Represa Billings impraticáveis para consumo humano, e o bombeamento foi interrompido. Com isto, hoje a Usina de Cubatão continua na ativa, mas opera com apenas 1/4 de sua capacidade.

Capivaras à beira do Rio Pinheiros
A poluição é tão alta que a água deixou de ser bombeada para a Represa Billings
 
Billings faleceu em sua residência na cidade californiana de La Jolla, em 3 de Novembro de 1949, poucos meses depois de ter se aposentado, deixando aquela que foi sua verdadeira pátria, por quem trabalhou incansavelmente.
 
 
 
Da próxima vez que estiver dirigindo pela Marginal Pinheiros, apreciando as margens agora um pouco mais limpas da Billings, fazendo compras nos Shoppings paulistas na região do Brooklin , ou melhor, ao acender uma lâmpada ou beber um copo de água, lembre-se que foi um perseverante e criativo engenheiro americano o responsável por algumas das mais importantes intervenções já realizadas na maior metrópole sul-americana.
 
"O gênio, esse poder que deslumbra os olhos humanos, não é outra coisa senão a perseverança bem disfarçada"
Goethe
 
Este post foi feito com base nas informações do excelente site NOVO MILÊNIO 
Lá você encontrará mais detalhes sobre a vida e carreira de Billings
 
Saiba mais sobre Asa White K. Billings em...
 
e sobre a Usina de Cubatão (Usina Henry Borden) em...

OBS: O blog do mixtoquente publicou o post exatamente como o original recebido na lista de ex-alunos do Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações - MG - Brasil). Todos os direitos reservados ao autor do post. Todas as informações contidas no post são de responsabilidade de seu(s) autor(es).